sábado, 30 de julho de 2011

QUEM SOU EU PARA MUDAR O MUNDO?




Parece impossível e inaceitável que uma escolha nossa possa mudar o mundo e afetar a humanidade em todos os planos da vida; estamos habituados a afirmar que são apenas problema de cada um, nada a ver com as dos outros. Se pensamos assim: sem desculpas esfarrapadas, analisemos se, somos adeptos da liberdade sem responsabilidade.
Se nos dispusermos a parar para pensar veremos que nossas escolhas interferem sim na vida dos outros, e até são capazes de mudar realidades, drasticamente; e, não é preciso ser nenhum cientista para observar isso, está ao alcance de qualquer um.

O tempo todo escolhemos de alguma forma, e mesmo as mais íntimas, são capazes de afetar a realidade e a vida de outras pessoas, às vezes, de forma intensa, e feridas profundas demoram mais a cicatrizar e podem ser contaminadas pela purulência do ódio e da retaliação.

Para comprovar essa verdade, vamos usar uma alegoria:

A Humanidade é um lago e cada escolha que fazemos é uma pedra que atiramos nele; próximo ao local de impacto, a turbulência é forte, e diminui à medida que se afasta dele; embora se estenda de forma imperceptível até a margem.

Como as escolhas, uma vez atirada a pedra, não há retorno, ela vai afetar a realidade do lago proporcionalmente à intensidade da força, superfície e massa.

Para tornar isso mais claro.
Vamos no dia a dia buscar um exemplo: Estudemos uma situação comum, específica, mas capaz de ser transferida para inúmeras outras do nosso cotidiano.

Imaginemos um jovem adolescente que acha que tudo pode; tudo é problema seu, ninguém tem nada a ver com suas escolhas; quer usar e abusar do direito de ser livre. Muito bem, esse paladino da liberdade sem responsabilidade resolve iniciar-se na droga; acha que com ela sente-se mais livre, menos inibido, mais feliz até; descuida-se e vai preso. Com certeza, ele tem uma mãe ainda mal-educada nas emoções e nos sentimentos como qualquer um de nós, e que chamará para si a responsabilidade do sentir-se feliz ou infeliz do filho. Como resultado das noites mal dormidas, do descuidar-se de si mesma para pensar só na desdita dele, somada à sensação de frustração de sentir-se uma mãe falida e, de preocupar-se demais com o que os outros vão dizer dela e dele - Ainda ama possessivamente e, adoece; ás vezes de forma grave, podendo tornar-se até depressiva, angustiada ou em pânico.

Façamos uma primeira pausa para reflexão.
O jovem dono do mundo, dono do seu próprio nariz, sente-se livre para fazer suas escolhas. Escolheu atirar a pedra, a escolha do uso da droga, mesmo sabendo, mesmo alertado da possibilidade de possíveis conseqüências funestas, que imaginava só acontecer com os outros que são menos inteligentes; com ele, a criatura mais esperta do mundo, isso jamais vai acontecer. Escolheu a pedra e atirou-a no lago. Com certeza ela caiu bem no centro de seu universo pessoal e causou um grande tumulto no seu meio familiar. Quer queira quer não, sua mais forte ligação afetiva, independentemente da qualidade desse vínculo, é com sua mãe. Desse modo, ela foi a primeira a ser atingida pelo impacto e de forma mais intensa. Mas, a onda de perturbação se estenderá inevitavelmente a toda a família, segundo a intensidade e o tipo de vínculos que mantenha com cada um dos familiares. E os efeitos em cada um deles seja em duração ou em intensidade serão proporcionais aos desdobramentos desencadeados pela sua atitude.
As conseqüências terão um efeito danoso na intimidade das pessoas que estejam ligadas a ele com vínculos afetivos mais fortes. É possível até que ele tenha alguém apaixonado por ele, cuja vida íntima e cuja saúde pode ser afetada em profundidade, dependendo sempre da estrutura mental/emocional da outra pessoa.
Retornando ao estudo da situação que ele gerou, o impacto se estende além, e logo ultrapassa as fronteiras da sua família.
A mãe do seu melhor amigo certamente é uma criatura não muito diferente da sua mãe, quanto à educação das emoções, e põe-se a pensar que, se o filho andava com ele pode muito bem estar fazendo a mesma coisa. É o suficiente para ruminar essa idéia num circuito fechado, e “morta de preocupação” pode também adoecer ou tornar a sua relação com o filho num verdadeiro inferno de cobranças e recriminações. Desequilibrada e doente vai afetar a vida de todos os que moram naquela casa ou se relacionam com ela.
Quer mais? Se ele está preso está consumindo recursos do coletivo que poderiam ser melhor usados na educação, saúde, moradia...; de muitos.

Cada escolha nossa ou a falta dela deve ser cuidadosamente analisada. Façamos as melhores; pois somos capazes e vamos mudar o mundo para melhor; a começar pelo da nossa intimidade.

Namastê.